segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Vamos embalsamar o general


É tarde, muito tarde de qualquer dia de março. O país desponta verde pelo espaço e um pouco pálido no amarelo desbotado.

A favela revela a cara de um país sem nenhuma razão de existir. Soube-se pelo jornal que alguma coisa acontecerá amanhã e que nunca mais seremos os mesmos.

Pintaremos a cara ossuda de um vermelho de guerra onde quem está mais armado empunha um bastão de madeira e uma faca enferrujada de cabo de marfim. Os elefantes deixaram de existir em alguma tarde do ano passado quando nem mesmo as estrelas da farda do general souberam o que era brilho.

O jornal não deu qualquer notícia nem mesmo tendenciosa.

Vamos amanhecer colados na bandeira de um país sem razão e apenas supomos que a vida deixara de existir ou estará em suspeição quando alguns de nos armamos de cacos de vidro jogamos moedas no canal poluído da vila que hoje não mais existe.

Vamos repetir um hino de pouca nacionalidade com certa irritabilidade.

Deixamos de adquirir os documentos que fazem de nós hábeis – humanos livres.


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